
Contarei uma história
de um menino espoleta
que roubava manga verde
na casa de dona Tereza.
Esse tal desse menino
era um moleque esperto
vivia com pouco que tinha
mas o rango era certo.
Se não tinha o que comer
ele logo se apressava
pulava muros e cercas
porque galinha ele roubava.
Por vezes o tal moleque
foi pego com mão na massa
era carreira para o coitado
que fugia pelas matas.
O tal menino era famoso
mas era visto como ladrão
ele não era um bom moço
pois tinha fama de lampião.
Em brigas desde menino
aprendeu a se defender
quem arrumasse arenga
no tapa iria aprender.
A vida desse moleque
lhe ensinou não acreditar
e qualquer que fosse o papo
estava pronto a desconfiar.
Esse jeito assim arisco
do tal menino endiabrado
é claro que tem motivos
foi uma tristeza do acaso.
Pequeno ficou órfão de pai
foi quando muito ele sofreu
perdeu irmãos pro sarampo
e a mãe de fome morreu.
Mais novo de quatro filhos
enterrou toda sua família
ficou sozinho pelo mundo
perdido e mal ele sorria.
Trabalhou duro em roça
no garimpo e canavial
sentiu o peso da enxada
e um descaso sem igual.
Ele era pobre e nordestino
viu de perto o preconceito
apanhou de gente branca
simplesmente por ser preto.
Sofreu muito com patrão
era xingado e levou grito
por ser preto era carvão
por ser magro era cambito.
Quando fez catorze anos
foi convidado a trabalhar
em uma roça de milho
lá pros lados do Ceará.
Sofreu com a forte seca
com a fome e o descaso
trabalhava o dia inteiro
e muito mal remunerado.
Logo pegou suas trouxas
retrocedeu ao seu passado
passou por sua casa
e fez morada no cerrado.
Lá em terras semeou
e colheu seus belos frutos
endiabrado ele enricou
com trabalho de matuto.
Ainda pobre ele conheceu
uma menina com virtudes
era esperta e inteligente
tinha nome de Gertrudes.
Acompanhou em sua jornada
permaneceu na ascensão
enriqueceu com o moleque
que foi visto como ladrão.
O casal teve cinco filhos
dois cachorros e um gato
tinham outros animais
muitas cabeças de gado.
Suas fazendas eram grandes
seus pastos não tinham fins
Isso tudo que lhes digo
foi vivido em Tocantins.
Lá essa família foi feliz
e viveu em harmonia
até o dia de suas mortes
criaram bem as suas crias.
Que tocaram sua fazenda
com irmandade e confiança
dando orgulho ao velho lobo
que tinha alma de criança.
A história deste preto
foi contada em jornais
cantada por sanfoneiros
esquecida não será jamais.
Irei sempre recordar
e uma lágrima escorrer
dos meus olhos ao lembrar
que um dia irei morrer.
E agora aqui deitado
escrevendo e sorrindo
espero que tenha gostado
da história desse menino.
Prazer tenho em falar
pois sou eu o seu moleque
com orgulho compartilhar
cada passo dessa peste.
Fui tentado pela vida
roubei para sobreviver
tinha pouco o que sorrir
e mais pouco o que comer.
Mas agora estou feliz
mesmo à beira de morrer
espero que esteja certo
lá de cima eu irei ver.
Os meus filhos continuar
meu legado e riqueza
sempre com muita alegria
pois sou cansado de tristeza.
Obrigado por acompanhar
esse cordel assim mal feito
espero que tenha gostado
pois endiabrado é meu jeito.

Este obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição - CC BY-NC-ND 4.0.
Lindo blog! Parabéns, meu lindo! Você vai ser um sucesso por onde passar!
ResponderExcluirAaaah, obrigado, princesa!❤
ExcluirMuito bom !! Parabéns você tem muito talento 👏
ResponderExcluirObrigado, linda! Fico feliz ❤️❤️
ExcluirQue versos mais lindos!
ResponderExcluirVocê é o meu cordelista preferido.
Muito obrigado, professora. Fico extremamente feliz com o seu comentário!❤️
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