
Moça de cabelos enrolados
me dê sua graça por favor
sou feio, mas sou poeta
e tu és bela como uma flor
sente aqui no meu lado
vamos falar do meu amor.
Sou um simples cordelista
porém nordestino não sou
sou nascido no Tocantins
terra sofrida de muita dor
uma terra que nasce tudo
regando com seu calor.
É lá no norte do país
esse lugar que irei falar
tem muitos pés de açaí
com origem no Pará
também tem frutos nativos
como buriti e o jatobá.
Terra de muitos poetas
que escrevem sobre tudo
sempre têm linhas repletas
mesmo com pouco estudo
de talentos são cheios
esse povo tão sortudo.
Cordelistas ou poetas
chame como quer chamar
mas a arte sempre é esta
e ela jamais acabará
já teve tempos melhores
estou aqui para mostrar.
Na minha terra também há
sanfoneiros e cantadores
falam com muita paixão
do gritar das suas dores
e transformam em canção
todos os seus amores.
Nessa terra avermelhada
ou como diz lá no Nordeste
de sangue é encarnada
lá pros lados do agreste
nessa terra tudo nasce
e nas folhas não há peste.
Os poetas da minha terra
têm talentos deslumbrantes
na grafia às vezes erram
porém sempre concordantes
quando falam com paixão
desse calor escaldante.
Eu o matuto que vos fala
não posso ser diferente
se um pandeiro eu tivesse
lhe cantaria um repente
dizendo todas as histórias
que vivi com minha gente.
Sou apenas mais um velho
um simples poeta cordelista
sei que muito eu pude ver
pois fui chamado de artista
naquelas rodas de conversa
no prazer das minhas visitas.
Eu jamais irei esquecer
tudo isso eu irei guardar
compartilhando com você
como eu amo esse lugar
lá eu respiro a felicidade
pelas matas de puro ar.
Lugar bonito e singelo
com pessoas cordiais
sol brilhante e amarelo
com consoantes e vogais
não há lugar mais belo
nem antigo ou atuais.
Estou contando tal cordel
com uma única intenção
pois já o deixei no papel
e irei deixar no coração
com o sentimento lindo
que eu chamo de paixão.
E com outro objetivo
pra você aqui do lado
se não for intromissão
me sinto como obrigado
nos distinguir do sertão
pois falo do meu cerrado.
Você jamais irá me ver
pois sou um homem viajante
mas espero não esquecer
da cantoria desse instante
peço a moça mil desculpas
se pareci muito falante.
Antes da estrada eu pegar
deixo contigo um presente
olhe a foto da minha terra
é aí que vive a minha gente
sinto imensas saudades
pois sempre estou ausente.
Em todos os meus cordéis
eu fico adiando seus fins
pois falo com muito amor
feito romance em folhetim
daquele lugar encantador
das belezas do Tocantins.

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