Hoje acordei tão triste
algo estava diferente
o sol brilhava pouco
um brilho indiferente
a chuva o encobrindo
apático, deprimente.
Hoje acordei tão triste
pois algo mudara tanto
o céu já não era azul
nem turquesa, entanto
a cor que o céu tinha
era cor de triste canto.
Hoje acordei tão triste
com o canto que ecoava
sono saiu voando, como
pássaros a bater asa
e lá de longe ainda ouvi
barulho de chuva fraca.
Hoje acordei tão triste
pois a tragédia continua
ouço o barulho de carro
ambulâncias pela rua
não consigo respirar
e com gestos insinua.
Hoje acordei tão triste
é tão difícil expressar
a tristeza é sentimento
complicado de encarar
tu engole enquanto pode
e chega a hora de falar.
Hoje acordei tão triste
com tanto corte e ferida
pela estrela apagada
e por aquela que brilha
por todos os que foram
pelas próximas partidas.
Hoje acordei tão triste
pela bandeira que diz
é a ordem e progresso
e foi o que eu mais fiz
e quantos mais serão
assim riscados com giz.
Hoje acordei tão triste
com sangue e revolta
escrevendo o cordel
que nunca se solta
tal como esse povo
que busca reviravolta.
Hoje acordei tão triste
procurando resiliência
buscando uma alegria
com muita pertinência
pois como o sábio diz
rir é ato de resistência.
Em homenagem a Paulo Gustavo, ator e humorista. Também às Professoras Keli Adriane Aniecevski e Mirla Amanda Costa; e as crianças Sarah Luiza Sehn, Murilo Massing, e Anna Bela de Barros, vítimas do atentado em SC. Além disso, uma homenagem à todas as vítimas da covid-19 em todo o mundo.

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